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ETAR - Concelho de Azambuja

O sistema de saneamento do Município de Azambuja é composto por cinco Estações de Tratamento de Águas Residuais (adiante ETAR), sendo estas as seguintes: ETAR de Aveiras, ETAR de Azambuja, ETAR de Maçussa, ETAR de Vila Nova da Rainha e ETAR de Alcoentre. A gestão e exploração destas infra-estruturas encontra-se sob a responsabilidade da empresa Águas do Oeste.

O sistema actual permite servir cerca de 60% da população do concelho, estando ainda prevista a construção da ETAR Casais de Baixo/Casais de Britos, que irá servir para além de parte da população da freguesia de Azambuja também a zona industrial V.N. Rainha / Azambuja. Procura – se assim, com o reforço do sistema de tratamento abranger 90% da população passível de ser servida por ETAR, no concelho.

Nunca é demais salientar que uma ETAR convenientemente dimensionada e funcionando adequadamente é fundamental para garantir a saúde pública e a preservação dos recursos hídricos, de modo a evitar a sua contaminação. Assim, as ETAR’s têm como objectivo o tratamento final das águas residuais produzidas pelas populações, permitindo, para além da descarga de águas residuais devidamente tratadas nos respectivos rios e ribeiras que as recebem, melhorando, desta forma, a qualidade da água que circula nos mesmos, até mesmo, uma possível reutilização destas águas após o respectivo tratamento.

Apesar da aparente robustez dos sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais, estes são de facto bastante sensíveis, podendo a sua eficácia ser afectada tanto por factores ambientais incontroláveis, como pela incorrecta utilização dos utilizadores / munícipes, dos sistemas de drenagem de águas residuais. É assim importante realçar que estes sistemas não se destinam a recolher qualquer tipo de resíduos sólidos, pelo que não devem ser lançados nas sanitas, lavatórios ou quaisquer outros ralos existentes nos sistemas prediais, tais como: restos de comida, plásticos, cigarros, lâminas, preservativos, produtos de higiene feminina, em suma qualquer tipo material sólido, sob pena de causar entupimentos e danos nos equipamentos. A utilização adequada dos sistemas de esgotos evita incómodos aos utilizadores e gastos de manutenção desnecessários.

De acordo com os Census 2001, o concelho de Azambuja apresenta uma população residente de 20.837 habitantes, sendo que a população passível de ser servida por ETAR em funcionamento é actualmente:

ETAR em funcionamento

Lugares Servidos

População passível de serviço (%)

Aveiras / Virtudes

Aveiras de Cima

22,46%

C. Comeiras

Vale Paraíso

Aveiras de Baixo

Casais da Lagoa

Azambuja

Azambuja (vila)

24,05%

Maçussa

Maçussa

2,03%

Alcoentre

Alcoentre

8,00%

Quebradas

V. N. da Rainha

V. N. Rainha

3,28%

 

 

Processos de tratamento utilizados nas ETAR’s de Azambuja

As estações de tratamento de águas residuais em funcionamento no concelho, utilizam os seguintes sistemas de tratamento:

 

Lagunagem

Este processo de tratamento pretende recriar as condições naturais de depuração (purificação) da água. A água residual atravessa uma série de lagoas (advindo daí a sua designação). Normalmente, estas estações de tratamento são compostas por uma lagoa anaeróbia, uma lagoa facultativa e uma lagoa de maturação. Nas duas primeiras o objectivo é remover a matéria orgânica presente na água residual, enquanto que na lagoa de maturação se pretende remover osorganismos patogénicos, com vista à libertação da água residual tratada no meio receptor, que no caso do concelho de Azambuja, são as linhas de água – rios e ribeiras existentes e que apresentam características para receber estas águas.

As principais vantagens destes sistemas relacionam-se com a simplicidade e economia da construção e manutenção destas unidades.

 

Lamas Activadas

É um processo de tratamento de águas residuais baseado na oxidação da matéria orgânica, por bactérias aeróbias, através da injecção de oxigénio em tanques de arejamento, também conhecidos como, bioreactores. O processo de injecção de oxigénio serve para misturar a lama a tratar com a água residual e fornecer o oxigénio suficiente para os microrganismos degradarem os compostos orgânicos e é conhecido como arejamento. Parte das lamas recolhidas nos decantadores, em resultado da decomposição da matéria orgânica, são reintroduzidas no tanque de arejamento, como forma de aumentar a eficácia do processo uma vez que se possibilita aos microrganismos presentes nas lamas uma nova oportunidade para degradarem a matéria orgânica.

Este é um processo relativamente sensível uma vez que é necessário proporcionar à população bacteriana responsável pela degradação da matéria orgânica presente nas águas residuais, condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Por estes factos as ETAR não se encontram capacitadas para receber esgotos com características diferentes daquelas para que foram dimensionadas, como por exemplo, no caso das ETAR do concelho, a recolha de óleos de motor. As características das águas residuais recolhidas encontra-se devidamente regulamentada, tendo em consideração a realidade do sistema de drenagem e tratamento existente.

 

Fases de tratamento das águas residuais

As águas residuais ao entrarem numa estação de tratamento sofrem um conjunto de tratamentos que se descrevem de seguida, de uma forma sucinta:

 

Pré-tratamento

Esta fase de tratamento preliminar tem por objectivo, proceder à remoção dos sólidos grosseiros transportados no esgoto, por exemplo, o papel higiénico. Este processo é realizado através de através da utilização de grelhas e de crivos grossos de diversas dimensões.

 

Tratamento primário

Depois da remoção dos sólidos mais grosseiros começa verdadeiramente o tratamento das águas residuais, onde a matéria poluente é separada da água por sedimentação, nos decantadores primários. É um processo exclusivamente de acção física, que pode, nalguns casos, ser ajudado pela adição de agentes químicos que promovem a coagulação/floculação da matéria em suspensão, possibilitando assim a obtenção de flocos de matéria poluente de maiores dimensões mais facilmente decantáveis.

Após o tratamento primário, a matéria poluente que permanece na água é de reduzidas dimensões, normalmente constituída por coloides, não sendo por isso passível de ser removida por processos exclusivamente físico-químicos. A eficiência de um tratamento primário pode chegar a 60% ou mais dependendo do tipo de tratamento e da operação da ETAR.

 

Tratamento secundário

A etapa seguinte no processo de tratamento é vulgarmente designada por tratamento secundário. Esta fase tem por objectivo remover a matéria orgânica, que será consumida por microorganismos nos chamados reactores biológicos. Estes reactores são normalmente constituídos por tanques com grande quantidade de microorganismos aeróbios, havendo por isso a necessidade de promover o seu arejamento, através da injecção de oxigénio, no reactor. Os microorganismos presentes no efluente são posteriormente removidos por um processo de decantação no chamado decantador secundário.

No final desta operação de tratamento a maioria das águas residuais tratadas apresentam um reduzido nível de poluição por matéria orgânica, podendo na maioria dos casos, ser admitidas no meio ambiente receptor.

 

Tratamento terciário

É o tratamento final de afinação da qualidade da água, antes da sua libertação nas linhas de água. Tem por finalidade proceder à desinfecção das águas residuais tratadas, com vista à remoção de organismos patogénicos e/ou eventualmente remover nutrientes em excesso que ponham em causa a qualidade da água do meio receptor.

 

Impactes das Descargas de Águas Residuais Não Tratadas

Os impactes resultantes das descargas de águas residuais não tratadas são muitos e variados na sua natureza, e, com sérias implicações tanto para a saúde pública como para o ambiente.

A descarga de águas residuais não tratadas nos cursos de água provocam a degradação da qualidade da água impedindo a sua utilização como fonte de água potável, condiciona a possibilidade da sua utilização para rega, provoca a diminuição e eventualmente o esgotamento de oxigénio presente nas linhas de água com consequências desastrosas para as populações de peixes e de outros organismos sensíveis (daí a importância da correcta ligação às redes de drenagem que encaminham os esgotos para tratamento nas ETAR e da progressiva eliminação da utilização de fossas sépticas, uma vez que estas também contribuem para a contaminação de solos e lençóis freáticos).

Associado às descargas de águas residuais está a proliferação de vectores de doenças, como os insectos, os quais podem eventualmente ter um impacte sério na saúde pública, com a transmissão de diversas doenças perigosas. Provoca ainda a libertação de odores, os quais podem causar dificuldades respiratórias e insónias.

O enriquecimento com matéria orgânica das massas de água como resultado de descargas de águas residuais não tratadas pode ainda contribuir para o desenvolvimento de processos de eutrofização. Este fenómeno consiste fundamentalmente no enriquecimento do meio aquático com matéria orgânica, o que provoca o crescimento acelerado de algas e de formas superiores de plantas aquáticas, perturbando o equilíbrio biológico e a qualidade das águas em causa.

Para além das consequências citadas anteriormente, temos ainda inconvenientes de ordem estética, que podendo não ter a importância de alguns dos aspectos mencionados anteriormente, não devem ser menosprezados.

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