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Até sempre,... Fátima Regateiro!

A cultura do Concelho de Azambuja ficou mais pobre.

 

Foi com profundo pesar que o Município de Azambuja tomou conhecimento do falecimento da Srª Maria de Fátima Ferrão Regateiro Dias, no final do dia de 1 Julho. Fátima Regateiro, um nome de referência conhecido no meio fadista, nasceu a 14 de julho de 1960, em Azambuja, e despede-se do nosso convívio prematuramente com 59 anos de idade.

Nascida na Rua Teodoro José da Silva, onde viveu feliz na sua infância, nesse tempo que carinhosamente relembrava como um bom tempo da Azambuja antiga e que a influenciou mais tarde a participar activamente na defesa dos usos e costumes, sobretudo com o seu talento vocal, na preservação das raízes tradicionais. Destacou-se na função de cantadeira do Grupo Tradicional “Os Casaleiros” do Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos, desde a fundação.

Para além de emprestar o seu timbre às magníficas recolhas musicais da região dos Casais de Azambuja, foi sempre interessada no estudo do folclore local e também dirigente associativa do Grupo Tradicional “Os Casaleiros”, numa época em que participou com o seu esposo Manuel Dias nalguns eventos inéditos de representação etno-folclórica com recriações várias que muito contribuíram para o relevo da “Cultura Casaleira”.

 

Mas, é como fadista que o seu nome ganha maior projeção, um dos maiores nomes da região com trabalho discográfico publicado no qual lhe são reconhecidos os principais méritos e atributos. Fadista singular de interpretação doce e aveludada, contribuiu largamente para o desenvolvimento do fado tradicional de Azambuja, expressão artística que constituiu elemento de identidade local para as gentes do concelho.

Fátima Regateiro fica na memória pelas suas apreciadas exibições perante os mais diversos públicos, quer na nossa região, quer noutros locais do país onde granjeou estatuto junto da população local, referência no meio fadista, sendo figura de cartaz em todos os eventos sociais em que participava.

 

Era recorrente a sua participação em eventos sem fins lucrativos, maioritariamente de fado, para associações, IPSS e entidades diversas, aceitando convites durante anos a fio para colaborar voluntariamente. Fê-lo sempre de forma comprometida, prestimosa e prestigiante, honrando e cantando os poetas locais e a sua Azambuja, incentivando os mais jovens do meio fadista, quer fosse nas guitarras ou na voz, sendo ainda promotora de alguns eventos sociais.

Para além dos eventos de natureza fadista e da actividade no folclore, colaborou ainda com diversos projectos culturais, grupos de música tradicional de forma pontual, com diversas direcções de colectividades, um gosto pelo voluntariado que começou cedo nos Bombeiros Voluntários de Azambuja onde foi a primeira mulher Bombeira da corporação, cumprindo a missão com zelo o que lhe valeu uma distinção por parte da Associação.

A imagem de Fátima Regateiro, uma mulher da Cultura Azambujense, fica marcada pelo seu espírito humanitário e solidário, pela sua paixão ao Fado Tradicional de Azambuja, pela sua dedicação ao folclore e à cultura popular local e ao bom nome que elevou Azambuja e as suas gentes que, nos dias de hoje, lhe agradecem esse contributo e o amor ao próximo.

 

Nesta hora de despedida, o Município de Azambuja manifesta o seu profundo pesar, apresentando as mais sentidas condolências à família.

Em reconhecimento do seu mérito humano e cultural, e da dedicação à comunidade desta ilustre cidadã azambujense, a autarquia expressa, neste voto de pesar, a sua singela homenagem à memória de Fátima Regateiro.

 

Azambuja, 03 julho de 2020

O Presidente da Câmara Municipal de Azambuja

Luís Manuel Abreu de Sousa

 

 

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